Desafio mundial é perder peso de forma saudável

O Atlas Mundial da Obesidade 2025 mostra que a obesidade é uma epidemia global, só no Brasil, 68% dos adultos vivem com sobrepeso, pelo menos 31% são obesos. No planeta, chega a 1 bilhão de pessoas

A Federação Mundial da Obesidade (WOF, na sigla em inglês) lançou o Atlas Mundial da Obesidade 2025, um relatório que revela dados sobre a epidemia global da doença. O Brasil foi um dos países avaliados e os resultados foram alarmantes, 68% dos adultos brasileiros vivem com sobrepeso e entre esses, 31% são obesos. Junto ao lançamento do panorama, conjunto com este lançamento, a campanha global “Mudar o Mundo Pela Saúde” foi anunciada como um chamado à ação para transformar.

Segundo a publicação, atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com obesidade. Projeções feitas pelos cientistas indicam que esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão nos próximos cinco anos, caso ações efetivas não sejam tomadas. O lançamento do atlas, feito anualmente, coincide com o Dia Mundial da Obesidade — 4 de março. Em 2025, a campanha de conscientização sugere mudanças em políticas públicas e iniciativas privadas para tornar mais eficaz a prevenção e o tratamento da doença.

De acordo com o documento, análises indicam que, em 2030, 50% dos adultos viverão com IMC elevado. No mesmo ano, 17% dos homens e 22% das mulheres terão obesidade, o que significa um aumento de 115% na obesidade entre 2010 e 2030. Os autores do Atlas pedem ações “de toda a sociedade”, com políticas como rotulagem de alimentos, tributação e promoção da atividade física. Além disso, a situação é mais crítica em países de baixa e média renda.

Bruno Halpern, vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e presidente eleito da WOF para o biênio2026-2027, alertou para a gravidade do cenário. “Com 31% da população brasileira com obesidade, não dá mais para falarmos que cada um tem que mudar sozinho. É necessário modificar os sistemas. Não adianta ficar no mesmo papo de ‘ah, cada um tem que ter consciência’. Temos que trabalhar juntos por uma mudança maior. Acho que essa é a mensagem principal”.

Falta preparo

Conforme a Federação Mundial da Obesidade, dois terços dos países estão despreparados para lidar com o aumento dos níveis de obesidade. Segundo o atlas, somente 7% das nações têm sistemas de saúde preparados para esse cenário. A publicação estima que a doença esteja ligada a 1,6 milhões de mortes prematuras anuais por doenças não transmissíveis, superando as fatalidades em acidentes de trânsito.

Para a endocrinologista Cynthia Valério, diretora da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), as soluções não devem passar só pela mudança individual. “A obesidade tem que ser tratada também com soluções globais. Claro que temos que estimular o tratamento e o reconhecimento da doença, mas também temos que agir nas causas. A prevenção passa por rotulagem de alimentos, por tributação de ultraprocessados, por estímulo de atividade física nas escolas, promover locais que estimulem caminhadas, que sejam mais seguros, e facilitar o acesso a outros produtos que não sejam pouco nutritivos.” 

Infância em alerta

Nos próximos 25 anos, um terço das crianças e dos jovens, entre 5 e 14 anos, estarão acima do peso ou obesas. A pesquisa, liderada pelo Murdoch Children’s Research Institute (MCRI), na Austrália, e publicada na revista The Lancet, mostra ainda que o índice global de obesidade para essa faixa etária triplicou de 1990 a 2021, subindo 244%. Segundo o trabalho, China, Egito, Índia e Estados Unidos terão o maior número de crianças e adolescentes obesos até 2050.

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Freepik  

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