Após eleição no Congresso, Centrão amplia domínio nas Casas

Oposição deve aumentar atuação no Senado, com o Partido Liberal nas Comissões de Segurança e de Infraestrutura

Além dos novos presidentes, a Câmara dos Deputados e o Senado escolheram, ontem, os membros da Mesa Diretora que atuarão no biênio 2025-2026. O PT, partido do governo, e o PL, líder ds oposição, terão senadores na vice-presidência. Nos outros cargos, legendas do Centrão se consolidam como maioria.

A Mesa Diretora é responsável pela direção dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativos da Casa. Ela é composta pelo presidente, vice-presidente, primeiro secretário, segundo secretário e terceiro secretário, além de três suplentes de secretário.

A divisão dos cargos foi acordada pelos partidos que apoiaram Davi Alcolumbre (União-AP). A primeira vice-presidência ficou com o senador Eduardo Gomes (PL-TO). Ele deve conduzir sessões do Congresso na ausência de Alcolumbre. A segunda vice-presidência será do senador Humberto Costa (PT-PE). Na primeira secretaria, a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB) foi a escolhida. A segunda secretaria ficou com Confúcio Moura (MDB-TO); a terceira, com Ana Lobato (PDT-MA); e a quarta secretaria, com Laércio Oliveira (PP-SE).

Os secretários deverão cumprir funções administrativas durante as sessões, como ler correspondência, contar os votos e lavrar atas das sessões secretas. Chico Rodrigues (PSB-RR), Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Styvenson Valentim (PSDB-RN) e Soraya Thronicke (Podemos-MS) ficarão como suplentes de secretários, nessa ordem.

Na Câmara, a primeira vice-presidência será de Altineu Côrtes (PL-RJ); e a segunda, de Elmar Nascimento (União-BA). A primeira secretaria ficou com Carlos Veras (PT-PE); a segunda, com Lula da Fonte (PP-PE). O PSD vai ocupar a terceira secretaria, com Delegada Catarina (SE); e na quarta secretaria, o deputado Sérgio Souza (MDB-PR) foi o escolhido.

Oposição

Os suplentes da mesa da Câmara são: Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP); Paulo Folletto (PSB-ES); Victor Linhalis (Podemos-ES); e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), nessa ordem. Na avaliação do cientista político Elias Tavares, a eleição do Congresso favorece as siglas de oposição. Ele vê o Legislativo como protagonista das decisões mais importantes do país.

A nova configuração das mesas diretoras amplia o domínio do Centrão no Legislativo. “Sem dúvida, os partidos do Centrão saem fortalecidos nessa eleição. O PL, que está na oposição, também se fortalece significativamente, ao ocupar as vice-presidências das duas Casas e garantir comissões estratégicas, como Infraestrutura, Segurança Pública e Direitos Humanos. Isso dá ao partido um espaço importante para influenciar a pauta legislativa e a fiscalizar o governo”, destaca o cientista político Elias Tavares.

Tavares aponta que a eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara representa, essencialmente, uma continuidade do grupo político que estava no comando com o então presidente Arthur Lira (PP-AL). “Ele pode ter um perfil um pouco mais moderado, mas, no fim das contas, faz parte do mesmo bloco e deve manter uma condução semelhante. Só poderemos avaliar de fato seu estilo quando ele assumir e começar a articular as pautas prioritárias”, observa.

O analista político Melillo Dinis avalia que as mudanças indicam um período em que a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá mais espaço para as suas pautas, além de maior influência no cotidiano no parlamento brasileiro.

“O crescimento dessa presença decorre das muitas articulações que levaram à eleição de Hugo Motta e de Davi Alcolumbre, mas, principalmente, da percepção de um setor da política de que 2026 é logo ali. Assim, com ‘um olho no padre e com outro na missa’, com a agenda de 2025 e uma eleição em 2026, os parlamentares da oposição vão esquentar muito o clima de Brasília e garantir que o governo Lula não terá vida fácil”, observa.

Com a nova eleição, os então presidentes do Senado e Câmara, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Arthur Lira voltaram às rotinas como parlamentares. Nos bastidores, há uma expectativa de que eles se tornem ministros do governo Lula, mas ambos despistam qualquer especulação nesse sentido.

Ao encerrar o mandato como presidente do Senado, Pacheco ressaltou sua intenção de disputar o governo de Minas Gerais em 2026. Em entrevista coletiva, o político admitiu que o cargo é um sonho e que sua possível candidatura dependerá de fatores políticos e circunstanciais.

Comissões

As instalações das comissões temáticas do Senado devem ocorrer na terça-feira, um dia após a abertura do Legislativo. No mesma terça-feira, deve ocorrer a eleição para os presidentes do colegiado. O PSD que, atualmente, conta com a maior bancada da Casa, deve ficar com a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), sendo o senador Otto Alencar (PSD-BA) é o mais cotado para o cargo.

Para a Comissão de Educação, a senadora Teresa Leitão (PT-PE) tenta a vaga de presidente. O partido do presidente Lula também articula para ficar com a Comissão do Meio Ambiente, com a indicação do senador Fabiano Contarato (PT-ES).

Do lado da oposição, o PL prevê a presidência da Comissão de Segurança Pública para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na Comissão de Infraestrutura, o senador Marcos Rogério (PL-RO) deve ficar com o colegiado. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) é a mais cotada para assumir a Comissão de Direitos Humanos.

Na Câmara, as negociações para os cargos nos colegiados tendem a ficar para depois do Carnaval, em março. Neste ano, a Comissão de Saúde deve ser uma das mais disputadas pelos partidos por conta das emendas parlamentares. Pelo menos 50% dos recursos serão destinadas a ações e serviços públicos do setor, a partir de orientações e critérios técnicos indicados pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde (SUS).

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Ed Alves

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