Em trâmites para contratá-lo, Corinthians pode ser o 10º do álbum. Botafogo e Grêmio são os únicos fora do currículo
Depois de lamentar a inesperada negativa de Tite, o Corinthians se aproxima de contratar outro técnico com passagem recente pela Seleção Brasileira. Após reuniões em Florianópolis, o time paulista avançou nas tratativas para ter Dorival Júnior como futuro comandante. O iminente casamento entre o profissional e o clube do Parque São Jorge promete ser marcante para as duas partes. Benquisto nos grandes centros do país, o treinador pode comandar o alvinegro pela primeira vez na carreira e dirigir a décima equipe entre as 12 mais tradicionais do futebol nacional.
Praticamente todos os torcedores dos clubes campeões brasileiros têm lembranças de Dorival Júnior. No Rio de Janeiro, o treinador passou por Flamengo, Fluminense e Vasco. No Rio Grande do Sul, defendeu o lado vermelho de Porto Alegre, no Internacional. Em Minas Gerais, representou as cores dos dois gigantes de Belo Horizonte: Atlético-MG e Cruzeiro. Em São Paulo, comandou Palmeiras, Santos e São Paulo, com grandes chances de fechar o quarteto em caso de acerto com o Corinthians.
O álbum de figurinhas do último comandante da Seleção Brasileira — o cargo segue vago — está quase completo. Ficariam faltando Grêmio (clube pelo qual jogou) e Botafogo para o treinador completar a coleção pessoal. Inclusive, Dorival Júnior trabalhou em mais da metade dos clubes da atual formação da Série A do Campeonato Brasileiro. Além do tricolor gaúcho e do alvinegro carioca, as exceções são Red Bull Bragantino, Mirassol, Bahia, Vitória e Corinthians. No entanto, o acerto com o alvinegro paulista caminha a passos largos em direção a um final feliz.
Executivo de futebol do Corinthians, Fabinho Soldado está à frente das negociações e conseguiu importantes avanços nos contatos com o técnico. Dorival Júnior gostou do projeto esportivo apresentado pelo alvinegro para o decorrer da temporada 2025, com meta de conquistar, ao menos, um dos títulos em disputa. Assim, autorizou a negociação de questões financeiras, como salários, bonificações e outros gatilhos. Os advogados do clube e do treinador entraram em campo para acertarem as questões contratuais do acordo. Se não houver divergências, as partes devem assinar o vínculo nos próximos dias.
Sem liderança desde a última quinta-feira, quando optou pelo desligamento da comissão técnica liderada pelo argentino Ramón Diaz, o Corinthians tem pressa para finalizar a busca por um substituto. Na vitória diante do Sport pelo Campeonato Brasileiro, a equipe foi comandada por Orlando Ribeiro, treinador do sub-20 do alvinegro. Hoje, às 19h, no duelo da Copa Sul-Americana contra o Racing-URU, na Neo Química Arena, o interino ficará novamente com a responsabilidade de buscar os três pontos e manter o time em condições de ir ao mata-mata do torneio.
Em entrevista ao Flow podcast no início da semana, Augusto Melo, presidente do Corinthians, desconversou sobre uma possível chegada de Dorival Júnior, mas destacou confiança nas tratativas lideradas por Fabinho Soldado. “Quando liberamos o Ramón Díaz, começamos a imaginar o que se encaixaria melhor dentro da nossa filosofia de trabalho e do que é o Corinthians. O Fabinho e eu temos conexão boa, confio muito nele. Sempre fiz isso na minha empresa, sou um cara de diálogo, mas cobro resultados. Sou consultado em tudo o que ele faz. Cada tempo real, conversando, videochamada, viva-voz, vamos dando autonomia. Se Deus quiser, nessa semana temos que anunciar alguém. Por mais que tenhamos interino, jogadores empenhados, uma comissão alinhada com a filosofia, precisamos de um trabalho para ter continuidade”, destacou.
Bom aproveitamento
A expectativa do Corinthians de conquistar um título sob o comando de Dorival Júnior está embasada no retrospecto do treinador em outros gigantes do futebol brasileiro. O técnico ganhou taças nas passagens pelo Vasco (Série B do Brasileirão de 2009), Santos (Copa do Brasil de 2010 e Campeonatos Paulistas de 2010 e 2016), Internacional (Recopa Sul-Americana de 2011 e Campeonato Gaúcho de 2012), Flamengo (Libertadores e Copa do Brasil, ambos em 2022) e São Paulo (Copa do Brasil de 2023). Nos demais, o profissional não conseguiu levantar taças. Ele costuma, inclusive, entregar resultados nos mais diversos contextos em clubes.
Independentemente de títulos, a maioria dos trabalhos liderados por Dorival Júnior terminou com bom aproveitamento geral. Nos 189 jogos à frente do Santos, por exemplo, o treinador ostenta 64,73% dos pontos conquistados. O Peixe, inclusive, é o time no qual o paulista de Araraquara mais vezes esteve à beira do gramado. As trajetória por Flamengo (91 jogos), Vasco (91 jogos), Internacional (65 jogos) e Fluminense (cinco jogos) também estão acima da casa dos 60%. O pior período ocorreu com o Palmeiras: 38.33% de aproveitamento em 20 partidas. Cruzeiro (40 jogos), Atlético-MG (51 jogos) e São Paulo (92) oscilam na casa dos 50%.
Se assinar, Dorival Júnior vai assumir o Corinthians na sexta colocação do Brasileirão, com sete pontos em cinco rodadas (veja mais detalhes da classificação ao lado). A estreia, inclusive, pode ocorrer contra um dos clubes nos quais o treinador fez história com títulos. No domingo, às 16h, o alvinegro paulista volta a campo pela competição nacional, contra o Flamengo, no Maracanã. O desejo é utilizar o Clássico dos Milhões para inaugurar uma nova era na comissão técnica. E, de preferência, sob o comando de um profissional que conhece como poucos boa parte dos adversários dos principais títulos da temporada.
Fonte: Correio Braziliense
Foto: Dorival Junior