O assassinato do ex-premiê na sexta-feira ofuscou a votação. Fumio Kishida, o primeiro-ministro, insistiu que o choque provocado pelo crime não iria interromper o processo democrático.
A coalizão que governa o Japão é apontada como a grande vencedora nas eleições para o Senado deste domingo (10).
A votação ocorreu dois dias após o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe durante um evento de campanha.
O Partido Liberal Democrata (PLD), que governa o país e ao qual Abe pertencia, e seu aliado (o partido Komeito) devem obter entre 70 e 83 das 125 cadeiras do Senado, de acordo com uma projeção do canal estatal NHK.
Às 18h (6h de Brasília), duas horas antes do fim do horário de votação, a taxa de participação era de 27,38%, um pouco acima das eleições para o Senado de 2019.
Fumio Kishida, o primeiro-ministro, tem uma sólida maioria parlamentar.
As eleições deste domingo devem consolidar o poder do PLD e Kishida terá uma posição ainda melhor – o país não terá eleições nos próximos três anos.
O primeiro-ministro, no entanto, enfrentará obstáculos políticos importantes, como a inflação e a escassez de energia.
Influência do assassinato
Mesmo antes do assassinato que chocou o país, o PLD já era favorito, mas após a morte de Abe pode ter influenciado a votação para favorecer ainda mais o partido.
O assassinato do ex-premiê na sexta-feira ofuscou a votação. Kishida insistiu que o choque provocado pelo crime não iria interromper o processo democrático.
O corpo de Abe chegou a Tóquio no sábado, procedente da região oeste do país, onde ele foi baleado na sexta-feira.
O assassinato provocou um grande choque no país e na comunidade internacional, que expressou condolências e condenações ao crime, incluindo países com os quais Abe teve relações tensas, como China e Coreia do Sul.
O homem acusado pelo assassinato foi detido e afirmou aos investigadores que atacou Abe porque acreditava que o político era vinculado a uma organização que não foi identificada.
A imprensa japonesa descreveu a entidade mencionada como uma organização religiosa e afirmou que a família de Yamagami sofreu problemas financeiros em consequências das doações de sua mãe para o grupo.
De acordo com vários relatos, o suspeito visitou a região de Okayama na quinta-feira, com a intenção de assassinar Abe em outro ato, mas desistiu porque os participantes eram obrigados a registrar a presença com nomes e endereços.
Remorso
Abe fazia um discurso de campanha na região de Nara para apoiar um candidato do PLD quando o suspeito abriu fogo.
Atingido no pescoço, Abe foi declarado morto poucas horas depois, apesar dos esforços de uma equipe de 20 médicos.
O Japão é um país com poucos crimes violentos e tem leis rígidas sobre o porte de armas e, por consequência, a segurança nos atos de campanha não é tão severa.
Após o assassinato de Abe a segurança foi reforçada para os eventos com o primeiro-ministro Kishida.
Velório público e enterro privado
O gabinete de Abe informou que um velório acontecerá na segunda-feira à noite. Na terça-feira, apenas a família e amigos próximos comparecerão a um funeral simples.
A imprensa japonesa informou que os dois eventos devem acontecer no Templo Zojoji, em Tóquio.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, que está na Ásia, visitará o Japão na segunda-feira para expressar pêsames.
Fonte: G1
Foto: Divulgação