Em seu refúgio paulistano, a apresentadora Luciana Gimenez narra luta contra o machismo e preconceitos: ‘Fiquei calada, porque não queria me vitimizar, mas é bom colocar para fora’
Empoderamento é a palavra da vez no dicionário de Luciana Gimenez (52). Com mais de 20 anos de carreira na TV, a apresentadora não esconde que, desde sempre, precisou lutar contra o machismo e preconceitos para conquistar seu espaço. “Hoje, com toda a violência contra a mulher, temos que colocar um holofote diante disso. Já sofri muito com aquele famoso ‘bonita e burra’ e, por anos, fiquei calada, porque não queria me vitimizar, mas é bom colocar para fora. Luto pela minha carreira e minhas vontades desde meus 15 anos e nunca usei o nome de nenhum homem para conseguir as coisas. Hoje, eu acho que tenho que me unir às mulheres, vivemos em um mundo machista e isso já basta!”, dispara a estrela, em seu refúgio paulistano.
Mãe de Lucas Jagger (23), da relação com Mick Jagger (78), e de Lorenzo Gabriel (11), com o ex, Marcelo de Carvalho (60), Luciana garante que saiu mais forte a cada batalha. “Nada é garantido na vida e não sou diferente de ninguém, trabalhei doente, trabalhei tensa, com filho doente, não sou especial. Quando a gente tem um propósito, a gente escolhe acordar e fazer dar certo. Conquistar meu espaço é conquistar a minha segurança e meu poder pessoal, para não cair, e ficar de cabeça erguida”, afirma a musa do SuperPop e do reality Operação Cupido, da RedeTV!, que segue namorando o empresário Renato Breia (34). “O namoro está super-bem! A paixão dá uma acelerada, mas acho que estou mais calma ultimamente”, pondera a diva.
– Quais tipos de machismo já precisou enfrentar?
– A gente vê a violência contra a mulher em várias frentes, na hora do parto, no trabalho… tudo isso tem que ser dito. Já sofri vários preconceitos, como ‘é bonita, mas é burra’, ‘não fala português’ ou ‘só deu certo porque tem um homem por trás de tudo isso’, primeiro era o pai do Lucas, depois o meu ex-marido. Normalmente, iria falar que está tudo certo, mas a gente tem que levantar o dedo, porque é difícil passar por alguma mulher que não tenha sofrido com machismo e não sou eu quem vou ficar escondendo a verdade.
– Como lida com as críticas?
– Acho que ninguém é isento de bullying. Eu sofri, mas quando a gente tem força vai para frente.
– Esse tipo de situação é comum no meio artístico?
– O assédio é comum em todos os lugares. Nem na mesa de parto a mulher tem sossego. É assédio verbal, mental, sexual, de todos os tipos. Não vou dizer que é só no meio artístico e gostaria muito que meu relato ajudasse de alguma forma a acabar com tudo isso.
– Ser mulher é um desafio?
– Sempre! E acho que estamos cada vez mais reparando nisso. Antes a gente ficava quieta, mas hoje a gente abre a boca!
– Você se cobra muito?
– Ser mulher já tem muitas vertentes difíceis, a gente se cobra muito, tem que estar bonita, cuidar do filho, trabalhar, estar pronta para o parceiro, namorado… acho isso bem desafiador, ainda mais sofrendo tantos ataques.
– Como pessoa pública, é inevitável ter sua vida diante dos holofotes… a exposição e as críticas abalam sua autoestima?
– As pessoas têm mania de achar que, por você ser famosa, não tem direito à privacidade. Sendo uma pessoa pública você tem a vida exposta, mas as pessoas não têm muita consideração de invadir espaços pessoais, se acham no direito de xingar, de criticar sua forma física… mas a internet é meio isso, um mundo sem lei.
– Se considera feminista?
– Eu não gosto de me colocar em caixinha nenhuma. Acho que estamos vivendo um momento sem rótulos e me considero uma mulher justa.
– Acredita que as mulheres precisam ser mais unidas para conquistarem seus espaços?
– Gostaria que as pessoas fossem mais unidas independentemente do sexo. E, sim, acho que as mulheres precisam lutar por seus direitos. Temos que entender nosso sofrimento e dizer: ‘já não aceitamos mais tudo isso’.
– Sente-se mais confiante e sexy hoje?
– Não sei até que ponto essa confiança existe. Depende muito do dia… eu tenho um problema com minha autoestima. Não posso dizer que acordo arrasando.
– Lucas está no exterior e Lorenzo na fase adolescente, como tem encarado?
– Filho não tem fase, todo momento é desafiador e, para mim, vai ser sempre um bebê que tenho que cuidar para o resto da vida. Temos que guiar, dar respaldo e tentar dar nosso melhor, porque filho não vem com manual.
– Os meninos sentem ciúme?
– Lorenzo é muito apegado e, se ele puxar à mãe, deve ter, mas é uma coisa controlada, normal.
– São mais de 20 anos de carreira na TV. Olhando para trás, se arrepende de algo?
– Não me arrependo de muita coisa, não! A gente sempre dá o melhor que pode. Só me arrependo de não ter ido trabalhar nos EUA, porque poderia ter sido uma experiência diferente, outra língua…
– O que mudou na Luciana de quando começou para hoje?
– A gente fica mais madura, preparada para lidar com as frustrações, o tempo passa isso para a gente. E aprendi que temos que ter muita paciência!
– O que ainda tem vontade de fazer na carreira?
– Gosto de desafios. Adoraria apresentar um programa em inglês, francês, fazer filmes, séries… o que me tire da zona de conforto.
Fonte: Revista Caras
Foto: Divulgação